FC Porto 0-2 Dynamo Kyiv
De levar as mãos à cabeça. Foi com a primeira derrota da época que Julen Lopetegui terá definido o seu destino à frente do clube azul-e-branco. A exibição dos jogadores do FC Porto foi demasiado pobre e completamente ausente de ideias. E com a fraca exibição também se esgotou a paciência dos adeptos do clube nortenho.
Antes do encontro, o FC Porto tinha todas as condições para passar à fase seguinte. Agora, está em vias de cair para a Liga Europa. Porquê? O que é que falhou? Onde estiveram os erros?
Julen Lopetegui, depois do encontro, afirmou: "Faltou-nos um pouco de tranquilidade e experiência em momentos cruciais". Por mais que os jogadores tenham falhado (existiram bastantes jogadores em "dia não"), o principal culpado é o treinador azul-e-branco. Porquê? Pelas opções que tomou. Mas não só...
O treinador dos dragões afirma: "As reações do público são soberanas. Perdemos um jogo em 18 e o público reage como reage. Aceitamos e de bom grado. O público é soberano e tem sempre razão."
Para além de arrogância que demonstra, Julen Lopetegui continua sem assumir os próprios erros. O problema não está na primeira derrota. Está na não-evolução da equipa, na constante falta de ideias, no jogo previsível e na incapacidade de manter o nível exibicional apesar da rotatividade.
Julen Lopetegui até poderá conquistar algum troféu a nível interno mas os seus dias parecem estar contados.
A enorme distância entre os jogadores é perfeitamente notória nesta imagem. Bastam apenas 6 segundos para se perceber que o FC Porto continua na mesma. Poucas soluções ao portador da bola, poucos apoios, jogadores muito instantes... Tática do "Brahimi resolve"?
Maxi conduz para zonas interiores e fixa quatro jogadores. Contudo, o que é que os colegas oferecem? Tello fica para trás e deixa-se a si próprio fora da jogada. Brahimi está demasiado longe. A linha de passe para Imbula bem coberta...
Por fim, Aboubakar à procura das costas da linha defensiva. O camaronês faz sempre isto porque não é treinado de forma a oferecer outras soluções. E se Aboubakar tivesse dado apoio para Maxi combinar? Não teria sido mais proveitoso nesta situação?
Maxi acaba por perder a bola por falta de apoios.
É assim que se faz. Avançado a dar apoio, uma simples tabela e um passe que enquadre de imediato o jogador que está de frente para o jogo. E assim se ultrapassaram três adversários e uma linha defensiva. É fácil, não é?
O portador da bola bem pode pedir ajuda mas quem é que oferece apoio? Que soluções tem o portador da bola? Assim é difícil... Os jogadores jogam mal e depois saem da convocatória? Porque é que jogam mal?
O Dínamo apresentou-se no Dragão com as suas linhas subidas e com a intenção de fazer com que o FC Porto não conseguisse sair a jogar com qualidade na sua primeira fase de construção. Perante tal pressão, a equipa azul-e-branca não conseguiu encontrar alternativas para progredir com a bola de forma controlada. Na imagem vemos Marcano completamente desapoiado e um espaço enorme onde um jogador do FC Porto poderia aparecer para receber.
A distância entre a linha média e a linha defensiva era gritante. Mas Aboubakar, ao contrário de outros jogos, raramente descia para pedir a bola entrelinhas. Imbula, supostamente o médio com funções mais atacantes, também não sabe desempenhar esse papel. A equipa jogou mal? Porquê? É culpa dos jogadores ou das opções do treinador?
Já agora, aprecie-se também a movimentação de Tello. O espanhol já ganhou as costas ao lateral e pode agora atrair um dos centrais. O que faz? Mantém-se junto à linha. Porque jogar pelo centro é um crime. Culpa dos jogadores? Ou daquilo que o treinador pede?
A opção é sempre a mesma. Sempre, sempre a mesma. Existe uma grande incapacidade do FC Porto em explorar aqueles terrenos e, neste jogo em particular, esta característica acabou por se acentuar devido à ausência de André André. Isto foi o jogo do Porto, sem conseguir reagir à pressão do Dínamo, tentava jogar de forma mais direta e explorar o jogo exterior sem que houvesse uma organização ofensiva digna desse nome. Resultado? Inúmeros passes longos disparatados e inúmeras perdas de bola.
Indescritível.
Aboubakar caiu na linha. Ninguém na área, nada de jogadores entrelinhas. Já agora... 8x3 na imagem.
Tantas opções para jogar curto, para sair com a bola controlada. Qual é a opção? Jogar longo, colocar Aboubakar e Osvaldo (que tinha entrado recentemente) a disputar bolas áreas com dois centrais que não devem ter perdido um duelo aéreo em todo o encontro. Optar pelos 50% de probabilidade de ganhar a posse de bola em detrimento dos 100% com um simples passe curto.
Casillas a "bater no ceguinho". Após a entrada de Osvaldo, esta opção tornou-se recorrente. O que é que o FC Porto ganhou com isto? Ganhou perdas de posse de bola.
Tanta ânsia em explorar as costas da defensiva contrária e quando surge uma oportunidade... André André não é um jogador criativo, isso já todos sabíamos. Mas não pode desperdiçar estas veleidades oferecidas pelos adversários. Se o passe para Aboubakar não era fácil, o passe para Tello é um "chocolate". E o espanhol é tão bom nestas situações...
Imbula procura o centro do terreno onde deverá ganhar mais opções. Mas onde estão os apoios? Até se compreende que a linha de passe para Aboubakar fique coberta mas... Aprecie-se o que fazem André André e Brahimi. O argelino foge para terrenos exteriores, André André não oferece apoio. Dois ou três metros à frente e não teria sido bem melhor, André?
Tática "Brahimi contra o mundo" aqui posta em prática por Indi. Julen Lopetegui a treinar bem os seus jogadores. O holandês a procurar a linha quando no estavam a aparecer 3x3 na área.
A nível defensivo, o desastre também foi evidente. Um dos grandes problemas da equipa foi a preocupação excessiva com as referências individuais. A certas alturas o FC Porto parecia que defendia completamente HxH. Veja-se a preocupação dos jogadores com o adversário e a clareira entre os centrais. Comportamentos inadmissíveis.
Compare-se a largura entre as duas linhas defensivas.
Sem palavras para o comportamento de Indi
O Dínamo tentou sempre explorar a marcação individual portista e a largura da defensiva azul e branca. Quando a bola entrava no lateral, um médio explorava as costas do lateral portista e aqui vemos Rúben Neves a deixar o centro do terreno para acompanhar esse movimento. Jogando com referências zonais, o Rúben perante uma bola colocada nas costas apenas teria de recuar uns metros, mas sempre garantindo a segurança do miolo e seria Indi que a garantir a profundidade. Aqui percebemos que ele persegue o seu adversário e deixa aberta a zona central onde a bola vai mesmo acabar por entrar.
Análise realizada no âmbito da parceria com o FC Porto24
com a ajuda do utilizador BlueHeart
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Excelente análise, mais uma vez.
ResponderEliminarO que não se percebe é como o Lopetegui não consegue ver isto, que é tão simples. E ainda há quem ache que ele joga num modelo de posse, controlo dos momentos de jogo, etc... Sinceramente, este ano ainda é pior do que no ano anterior: ausência de jogo pelo corredor central, lateralização constante, biqueirada para o Brahimi, queimar jogadores por comportamentos que deviam ser prevenidos se houvesse bons processos de treino, etc. Enfim, este ano vai ser uma merda... E ainda não chegamos a Dezembro... Espero estar enganado, mas duvido.