FC Porto 2-0 Maccabi Tel Aviv





O FC Porto tem tudo para assegurar a passagem aos oitavos-de-final da liga milionária. Depois de um  (doloroso) empate em Kiev e da vitória frente ao Chelsea, os azuis-e-brancos despacharam o Maccabi Tel Aviv por 2-0. Um resultado que confirma a superioridade dos portistas num jogo em que tendo jogado o suficiente para ganhar, também passaram por momentos de algum aperto.


O Maccabi apresentou-se no Dragão com linhas muito próximas, bem organizadas e recuadas procurando lançar-se em terrenos mais adiantados através de ataques rápidos. Tal comportamento acabou por limitar bastante a criação do FC Porto que demorou a perceber como poderia ultrapassar as várias linhas e os vários adversários que tanto condicionavam o jogo portista de forma a que a bola caísse nas alas.
Em cima, uma sugestão de um movimento que se pode realizar caso se pretenda correr o risco. Algo como... isto:

Há, obviamente, diferenças. Na imagem a equipa do Maccabi está organizada e concede pouco espaço para jogar. No gif há bastante mais espaço e, para além disso, é uma jogada que apanha os visitantes em transição defensiva.

Então porquê trazer isto? Se o contexto é diferente... Trata-se, como já foi dito, de uma sugestão para uma movimentação. Indi conduz, fixa, e faz o simples 1x2x1. Porque o 1x2x1 é a forma mais fácil de ultrapassar uma adversário e aquela que garante maior taxa de sucesso. Pode, porém, causar alguma estranheza a alguns. É que Indi é central e não tem nada que fazer aquilo. Os princípios que defendemos dizem que todos atacam e todos defendem (diferente do que se vê no FC Porto). Os defesas-centrais estão 99% do tempo de frente para a equipa contrária. Podem ver, ler, perceber tudo. E há alturas em que conseguem progredir à vontade porque os elementos mais avançados da equipa adversária não podem passar 90 minutos a correr. Então porque deverão eles ter um papel exclusivamente destruidor? Ou serem limitados a passes simples? Aqui têm um exemplo de como um defesa-central pode desbloquear uma partida.





Na análise anterior foram referidas deficiências nas coberturas e nas compensações que se realizam. Indi realizou a contenção até Rúben Neves chegar. Imbula ainda é ultrapassado pelo capitão do FC Porto antes de começar a correr. E quando chega à zona dele... pára. Ora, Indi saiu da posição. Quem é que compensa? Voltaram a ficar 3x3 na área e criou-se um lance com um potencial enorme de golo para o Maccabi. Porquê? Porque Marcano é obrigado a sair da posição para pressionar o portador e Layún foi obrigado a fechar ao meio deixando espaço nas costas. O insucesso da jogada prende-se com um mau passe. Só isso.



É assim que o modelo limita o jogador. A construção era feita por Imbula ou Rúben Neves. Na primeira imagem está marcado o trajeto feito por Marcano com a bola... O que acontece é que o central espanhol pára de repente e fica à procura de quem tem ordens para construir. Não é ele. Ali, é Imbula. Foi assim que Lopetegui definiu. O mais engraçado? Duas coisas: A primeira é que o central tem imenso espaço para progredir no terreno mas não o usa. A segunda é que Imbula recebe de costas e está pressionado por dois jogadores.



Brahimi contra o mundo... Já tínhamos saudades! O argelino demorou a incutir o seu cunho pessoal no jogo. Porquê? Porque tal como foi dito no início, o Maccabi jogava com as linhas muito próximas e estava bastante organizado. São nove(!) jogadores dentro de área. Não há apoio interior, não há um movimento de rotura por parte de Layún... Há um Brahimi contra o mundo. Há jogos e jogos... neste, o argelino perdeu cinco ou seis lances porque era deixado em situações de 1x1 ou 1x2. Quando há espaço? É letal. Quando se realizam bem as coberturas e lhe retiram o espaço todo... torna-se mais complicado.

Aprecie-se a reação de Layún. O mexicano nem se preocupa em deslocar-se rapidamente para oferecer apoio ou para fazer o movimento de rotura. Pior, nem se posiciona de forma a ser opção para que os adversários mais próximos sejam confundidos por isso. Faz sentido? Neste momento, não. Mas há momentos em que faz? Há, claro. Já lá vamos.



Sem palavras.




É aqui! É aqui que faz sentido! Mas não é só porque a jogada deu golo. É muito mais do que isso! Aqui, Layún faz bem em ficar atrás para receber. Vamos por partes:
1 - É onde há espaço porque Brahimi já arrastou dois adversários consigo;
2 - Dificilmente se realizaria ali um movimento de rotura pelas costas do argelino porque Brahimi já estava demasiado próximo da linha final;
3- A bola foi "à frente" e veio "para trás". A defesa tinha descido até à linha da pequena área e, no momento em que o passe é feito, está a subir no terreno como se pode observar;

É o momento ideal para o cruzamento. Porque os defesas são obrigados a mudar o comportamento rapidamente, isto é, estão a subir e, de repente, têm de voltar a descer. Por fim, o cruzamento:
1 - Cruzamento para a zona entre a linha defensiva e o guarda-redes. O facto de ser naquele sítio em específico é o ideal porque causa bastantes dúvidas em que deverá abordar o lance. O guarda-redes deve sair ou os defesas é que devem fazer o corte? Então quando os defesas assumem marcações HxH na área para estes momentos... é um mimo.


Análise realizada no âmbito da parceria com o FC Porto24
com a ajuda dos utilizadores BlueHeart e IdolW0rm.
Clique aqui para aceder ao tópico de análise e para ler os comentários dos foristas.

Sem comentários :

Enviar um comentário