Ajax 2-3 Rapid Wien




Uma das primeiras surpresas da época. Depois de ter empatado no seu reduto, o Rapid Wien foi a casa do Ajax, habitual presença na fase de grupos da Liga dos Campeões, carimbar o passaporte para a terceira eliminatória da competição.
A verdade é que o conjunto austríaco é bastante limitado. Disseram-me para tomar atenção a Louis Schaub, um talento emergente, um número 10 capaz de fazer a diferença. A verdade é que no meio de um deserto de ideias, foi mesmo ele que acabou por definir e sentenciar a partida e a passagem à próxima eliminatória. Um pé esquerdo e uma capacidade de progressão com a bola controlada fora do comum e que puseram a nu a fragilidade do conjunto holandês.

Mas vamos a factos:

O Ajax não coloca um grande número de jogadores na zona de finalização, ao contrário do Rapid Wien que não tinha pejo em defender com um grande número de jogadores. Atenção que o número de jogadores, por vezes, não dizem tudo acerca da qualidade defensiva de uma equipa. Com mais jogadores dentro de área, há maior probabilidade de ganhar o lance. Mas se estes estiverem mal distribuídos, essa probabilidade diminui consideravelmente.
Na imagem aparece Schaub em tarefas defensivas, a apoiar o lateral do seu lado. Já o nº6 Mario Sonnleitner está completamente fora de posição. 


Do outro lado, tudo funciona de uma forma semelhante. O Rapid Wien não abdica de manter vários jogadores atrás da linha da bola. Aqui, repare-se na defesa em "ziguezague" do Ajax, bastante permeável.


A linha média e a linha defensiva bastante próximas mas bastante permeabilidade nos corredores. O Austria Wien preocupa-se imenso em proteger a zona central e oferece bastante espaço para que a equipa adversária assuma o seu jogo pelos corredores.
Na imagem vê-se que o extremo do lado contrário está completamente fora da jogada. Uma bola que vá na sua direção oferece mais do que tempo suficiente para a equipa contrária bascular.

Os extremos do Ajax têm ordem para partir da linha para o centro do terreno. El Ghazi faz-me lembrar Sálvio. Sozinho, com a bola controlada, é capaz de enfrentar um, dois, três ou mais adversários. Parte para cima mesmo que esteja em inferioridade numérica. Em ligas inferiores, o extremo do Ajax é capaz de dar nas vistas. Mas está longe de usar a massa cinzenta.
Na imagem, aprecie-se (na primeira) como o defesa esquerdo Stangl está mais preocupado com o jogador que oferece linha de passe na linha do que propriamente em tapar os caminhos para a sua baliza. Consequência? O defesa central esquerdo é obrigado a deixar o lugar onde devia estar. E, de repente, um buraco entre os dois centrais. Stephan Auer, o lateral direito do Rapid Wien, já não se preocupa com o seu opositor direto e está atento à entrada do médio Klaassen. Fischer, nº7 do Ajax, acaba por surgir completamente livre 
A jogada não foi rápida o suficiente para que a linha média não conseguisse recuperar. A verdade é que a linha defensiva recuou bem mais rapidamente, daí a distância entre as duas.

Ajax:: Três jogadores ao primeiro poste e várias marcações H-H.



A primeira imagem é o momento em que o Rapid Wien recupera a bola. Tirei-a simplesmente para que se pudesse ver como é que a defesa do Ajax está alinhada. Agora passemos à segunda... que organização defensiva tão desastrosa. 
Uma das raras incursões de Stefan Stangl no ataque mas com um oportunismo enorme. Um grande passe a rasgar a defensiva contrária, El Ghazi com muito pouca agressividade na abordagem ao lance e pouco faz para impedir um cruzamento do lateral esquerdo do Rapid Wien. Nas duas imagens seguintes, a importância de Louis Schaub no lance. Não interfere diretamente mas o suficiente para permitir a Beric  libertar-se da marcação. Uma interferência chave mas que não entra para as estatísticas e escapa aos olhos de muitos.
Estava feito o 1-0

Recuperação da bola e várias opções de passe, umas melhores do que outras. A opção? Beric foi constantemente solicitado pelos colegas como primeira referência de saída para o ataque. O ponta de lança é um jogador bastante interessante, forte fisicamente e consegue segurar bem a bola mesmo sob pressão. O problema é que muitas vezes ficava sozinho para dois ou três jogadores do Ajax. Aqui, com tantas linhas de passe e espaço para progredir, o portador opta pelo passe mais difícil. Resultado? Perda de bola.

Como já apontado acima, o extremo está completamente fora da jogada. Mantém-se junto à linha onde pode ser mais facilmente anulado e longe das zonas de maior perigo. Com tanto espaço para progredir e encarar a defensiva contrária, Klaassen decide passar para El Ghazi. Estavam 2x4 na zona central. De repente, com um passe que permite a recuperação da linha média contrária, passam a ser 2x6.

Não havia interesse nenhum é construir a partir de zonas recuadas. O Rapid Wien tentava aproveitar as qualidades de Beric para ganhar as primeiras bolas e tentar construir a partir daí.

Vejam lá o potencial, a pressão sobre o portador da bola, as linhas de passe seguras... Para onde é que acham que vai a bola? Resultado? Perda de bola.


Esta imagem foi simplesmente para apresentar um momento curioso em que o jogo exigiu o avanço do último central. Veja-se o posicionamento do último defesa e de Beric.


O central que está mais perto do lance sai ao encontro do avançado para impedir que este receba sem qualquer pressão. Mas se o avançado desce e arrasta a marcação, não há ninguém que identifique o potencial da jogada?
O lateral direito também procura integrar-se poucas vezes no processo ofensivo. Colocava-se junto à linha, El Ghazi aproximava-se de terrenos interiores e o potencial seria muito maior.

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