Chelsea FC 2-0 FC Porto





Um completo descalabro. A precisar de ganhar, o FC Porto abdicou do ataque. Para caracterizar a posse de bola, os adjetivos acumulam-se: estéril, inofensiva, inócua... e por aí fora.
Não sabemos o que levou Lopetegui a optar por uma tática completamente desconhecida pelos jogadores do FC Porto ou o que é que o motivou a sentar Aboubakar no banco para jogar sem avançado. A verdade é que o plano do treinador acabou por sair furado após um pequeno momento de infelicidade e o FC Porto nunca mais se recompôs.



Uma excelente recuperação de bola de Herrera que leu bem o jogo e antecipou-se a Matic de forma a ficar com a posse de bola. Mas com Ramires a ser atraído pela movimentação de Corona exigia-se outra decisão após a reconquista da posse de bola. Com tanto espaço para progredir pelo centro, Herrera somou mais um passe certo mas a pior decisão possível.
Já agora, reparem onde está Willian.



É isto que acontece após o passe de Herrera. Onde está Willian? E onde estão Herrera e Brahimi? Oferecer apoios e linhas de passe ao portador da bola não deve constar nos princípios do modelo de jogo de Lopetegui.



O Chelsea, uma vez mais, a conceder imenso espaço na zona central. Imbula abre os braços, pede a bola. Porém, a opção de Layún é colocar Corona a disputar uma bola aérea com Zouma e Terry.
Atente-se também a Ramires, que está a ser atraído por Imbula, e o espaço que Brahimi já procurava.



Opções de passe?
1 - Para a linha onde o portador seria, uma vez mais, pressionado por três ou mais jogadores do Chelsea;
2 - Para o lado... mas para quem? Imbula ou Herrera? Os jogadores do meio campo azul-e-branco ainda se confundem uns aos outros.
Terry ainda olha... mas não está lá ninguém.


É daqui que nasce o primeiro golo dos londrinos, Layun perde a bola perto da área adversária e a situação parece fácil de controlar para o FCP.



Ramires consegue iniciar uma transição mas Herrera aparenta ter todas as condições para impedir a progressão do brasileiro ou pelo menos condicionar a sua decisão. Aliás, um dos princípios assumidos pelo FC Porto de Lopetegui é a pressão imediata ao portador após a perda da posse de bola. Mas o que faz o mexicano?


Herrera pressiona Ramires com os olhos e deixa a linha de passe para Hazard completamente aberta. O belga, um dos melhores jogadores do mundo, recebe entrelinhas facilmente e daí surge o golo.


Outra visão do primeiro golo do Chelsea. Uma grande distância entre a linha média e a linha defensiva, que Hazard aproveita e Indi atraído por Willian.


É preciso escrever alguma coisa?


Danilo abre os braços. A quem passo eu? Há tantas opções para passar a bola, Danilo! E o Corona a arrastar a marcação e a abrir um corredor para o Layún!


Imbula e Herrera "atropelavam-se" constantemente.



Apoios? Linhas de passe? O que é isso? Desenvencilha-te, Corona. Já és um menino crescido.



A falta de comunicação parece ser constante e é notória. Maxi tem tempo e espaço para executar mas acaba por passar a bola a Herrera... como se a bola queimasse! O mexicano, pressionado, ainda devolve a bola a Maxi e este acaba por fazer um passe para a frente. Durante esse tempo todo, Imbula esteve a olhar para o lance e não esboçou um simples movimento que pudesse evidenciar que tinha pedido a bola. Só podemos assumir que nem tentou apesar do espaço que tem à sua volta. Assim é complicado...

Herrera continou a cometer erros o jogo todo. Neste lance está completamente desposicionado deixando as costas da pressão completamente desprotegidas o que permitiria ao Chelsea quebrar facilmente as linhas portistas.


A nível ofensivo Herrera também foi desastroso... Aqui colocado numa posição onde poderia dar uma excelente linha de passe, no entanto, opta por virar costas à bola e alhear-se do jogo…



É daqui que surge o segundo golo do Chelsea. Repare-se no posicionamento de Imbula e de Layún. Marcações individuais claras, Imbula preocupa-se com Ramires e deixa completamente desprotegida a zona central à frente da defesa. A vermelho indica-se qual o posicionamento correto. Já Layún, perante a preocupação de Imbula de estar mais à frente nada faz para proteger aquele espaço, ficando a vigiar Willian.

Na sequência disto, abre-se uma clareira na zona central, onde mais uma vez Hazard vai ter todo o tempo e espaço para definir uma jogada que leva ao golo de Willian. Repare-se o que acontece a Imbula e Layún, fruto do mau posicionamento inicial, ficam completamente fora do lance.


Com uma defesa com 3 centrais seria de esperar que fossem esses centrais a assegurar a circulação a toda a largura no inicio da construção não sendo necessário, a não ser numa situação de muita pressão por parte do adversário, recuar médios para fora do bloco para pegar no jogo. Mas aqui vemos que com o Chelsea a não pressionar, o Porto baixa dois médios e fica com 5 homens fora do bloco. Com isto, a juntar aos dois laterais que nunca são opção dentro do bloco, restavam 3 soluções dentro do bloco…



Na saída de bola do Porto, Óscar pressiona Casillas e o espanhol coloca em Indi retirando logo o 8 do Chelsea do lance, a seguir vemos Marcano com uma posição excelente para pedir a bola e permitir ao Porto sair com segurança e a queimar linhas de pressão. Mas o que faz a equipa?

Coloca a bola no lateral. Marcano nem se preocupa em dar linha de passe, recua automaticamente. Nota-se que os comportamentos dos jogadores são mecanizados, que há pouca perceção do que fazer em cada situação especifica e que cada jogador procura fazer o que é suposto na sua posição. Aqui Marcano colocado perante uma situação pouco habitual não consegue perceber a opção mais inteligente e Indi também roda automaticamente para a linha, como faz sempre a equipa do Porto.



Quem foi um exemplo de como não tomar decisões com bola foi Maicon, errou praticamente todas as decisões que tomou. Veja-se este lance onde Maicon pode soltar em Herrera que dá linha de passe por dentro, sendo que essa era claramente a melhor decisão. Pode progredir um pouco e soltar em Maxi que dá linha em largura e até pode rodar para dentro e solicitar Danilo, estas opções não seriam tão felizes mas permitiram à equipa manter a posse. Mas o que faz Maicon?

Despeja a bola...


Numa equipa que se assume de posse e de domínio, como Lopetegui diz que o Porto é, o 6 é um elemento que normalmente participa com muita qualidade no processo ofensivo, que tem qualidade técnica, que toma boas decisões, que é rápido a executar. Isso é ainda mais necessário numa estratégia com 5 defesas.
Um 6 que faz coisas destas, iniciando uma jogada muito perigosa.


Ou destas, iniciando aqui mais outra jogada perigosa. No entanto, Rúben Neves não é titular habitual e num dos jogos mais importantes da época foi relegado para o banco.


O 6 titular é Danilo Pereira.
Aqui, Danilo pode colocar a bola em Herrera e tirar 6 jogadores do Chelsea do lance deixando Herrera na cara da defesa com imenso espaço para progredir e tendo esta jogada um potencial enorme para ser muito perigosa. Mas Danilo opta por lateralizar e não desequilibra o Chelsea.



Mais uma vez Danilo com uma boa linha de passe interior e a optar por lateralizar.



Outro capítulo onde Danilo revela dificuldades é na receção orientada, aqui quando se pedia que retirasse a bola do centro de jogo, não orienta bem a bola na receção e acaba por perder a mesma. É muito por isto que tende tanto a vir buscar bola tão atrás, porque se sente muito confortável a receber de costas para o jogo.



Análise realizada no âmbito da parceria com o FC Porto24
com a ajuda do utilizador BlueHeart
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1 comentário :

  1. Excelente, se não fosse um pesadelo.
    Não há mais nada a dizer. Há uma coisa que me aflige particularmente, que é termos todo e qualquer jogador, bom ou mau, a receber e a orientar-se de imediato para a lateral para colocar um passe. Sempre.

    Já perdi a esperança do que pode fazer de bom Lopetegui. Só com muita sorte e incompetência dos rivais podemos ser campeões e a acontecer é apesar de Lopetegui. Temo é pelas sequelas que possam perdurar em alguns dos nossos melhores jogadores pós-Lopetegui, sobretudo Neves que é craque dos pés à cabeça, mas está muito mal ensinado, mas também de outros bons jovens valores como o Corona e o Aboubakar...

    PS: Não tenho nada pessoalmente a apontar ao Herrera. Acredito que seja um óptimo rapaz. Mas é-me inexplicável como é profissional de futebol. Mais inexplicável ainda é como joga em detrimento de jogadores como Bueno, Evandro, Ruben, ou até Chico Ramos.

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