Duisburg 0-2 FC Porto
Bastaram 6 segundos para percebermos a dinâmica do meio campo. Danilo, o elemento mais recuado, Bueno como jogador mais adiantado do vértice.
Interessante a forma como os jogadores do Duisburgo se colocam. O médio do lado da bola cai sobre o lateral portista, os dois avançados descem para criar superioridade numérica na zona do meio-campo.
Não percebo o posicionamento de José Ángel ali. No decorrer da jogada a bola acaba por ir para o lateral esquerdo e percebe-se que o espanhol tinha um enorme espaço livre à sua volta. Porque não colocar-se mais à frente e deixar que seja Marcano a receber?
Um célebre movimento da época passada. Parece que se irá manter esta época, independentemente do esquema de jogo que o FC Porto vai assumir. O extremo desce para receber e um jogador procura às costas do lateral que acompanha o extremo. Aqui, porém, não é um médio que o faz. É André Silva.
Danilo desce para receber, Imbula desloca-se prevendo a trajectória da bola e Bueno coloca-se entre os dois, onde se cria o espaço.
Bueno, muito bem, abre linha de passe e condiciona o médio que pretende pressionar o portador. Este já está à espera que seja Bueno a receber a bola de Danilo e desloca-se de forma a limitar este passe. Se Danilo tivesse procurado antes Imbula e depois este oferecesse a bola a Bueno, a jogada poderia ter tido muito mais potencial.
Bueno é bom a ler o jogo, sabe posicionar-se, é muito forte nos apoios. Foi um quebra-cabeças para o meio-campo contrário que não conseguiu encontrar forma de limitar as ações deste. Infelizmente, muitas das ações de Bueno também não precisavam de ser neutralizadas. Não que Bueno decidi-se mal ou que executasse mal... Mas para um jogador com aquele espaço e naquela posição exige-se muito mais. Exige-se receção orientada, rapidez de processos, progressão rápida com a bola e encarar, de frente, a defensiva contrária. Não acontece. O espanhol recebe e, muito lentamente, volta a jogar para trás.
Qualquer semelhança à época passada não é nada descabida. Perda de bola, após uma bola parada, e a equipa converge toda para o centro de jogo de maneira a recuperar a posse de bola o mais rapidamente possível.
Aprecie-se a quantidade de jogadores que o FC Porto coloca na área quando a bola sai cruzada de uma ala. E o posicionamento de Imbula, claro.
Aqui, Bueno recebe e coloca-se de imediato de frente para o jogo. Mas está tão preocupado com o jogador nº6 que o pressiona de imediato que só pensa em livrar-se o mais rapidamente possível da bola. Resultado? Mau passe.
Disposição da equipa do Duisburgo e a forma como Bueno se procura posicionar.
O extremo do lado oposto procura fazer "campo pequeno", desce e ocupa zonas interiores. Varela também desce de maneira a acompanhar o lateral, que vai lançar a bola. A linha defensiva tem a linha da grande área como referência e os jogadores concentram-se no centro do terreno, convidando o Duisburgo a procurar o espaço exterior para criar a próxima jogada.
Aqui, já é Sérgio Oliveira que está em campo. A dinâmica do meio-campo tornou-se completamente diferente. Três jogadores entre linhas? Isto não é normal..
O extremo desceu mas, ao contrário do que aconteceu há bocado, Aboubakar não procura as costas do lateral que acompanha Varela. Ao invés disso, procura colocar-se de forma a receber a bola, algo que gosta muito de fazer e que vai ao encontro das características do seu estilo de jogo.
Falha gritante. Marcano sai ao homem, Ángel não compensa Marcano nem se apercebe do movimento de rotura que o jogador que acaba por cruzar faz. Como não existia ninguém naquele espaço onde o jogador do Duisburg acaba por entrar, Maicon é atraído para fora da zona que devia ocupar. Danilo ainda desce para ocupar a vaga deixada por Maicon. Maxi acompanhou o avançado e deixou bastante espaço nas costas. Danilo não cobriu a entrada da área. Dois jogadores completamente livres por causa de uma má decisão de Ángel no início da jogada.
Os 10 jogadores de campo do FC Porto na mesma jogada. Fabuloso, não? A forma como se posicionam, como procuram limitar o jogo adversário e as referências diretas e indiretas que cada um tem. Conseguem adivinhar o resultado deste lance? Recuperação da bola.
Sérgio Oliveira tem duas opções. Podia ter três mas Hernâni (ao contrário do que acontece mais à frente, já lá vamos) não consegue perceber o potencial do movimento que pode fazer. Aboubakar, muito bem, procura o movimento de rotura, arrasta consigo a marcação e deixa espaço livre para a progressão pelo centro do terreno. Infelizmente Sérgio toma a pior decisão e executa mal. Coloca em Aboubakar (para zonas exteriores) e com a bola em arco para fora. Que potencial teria a jogada caso a bola entrasse em Brahimi!
Um triângulo diferente. Dois médio e um extremo. Alex Sandro dá amplitude e profundidade na ala, fixa o lateral contrário.
Uma vez mais, André André recuado no terreno. E o posicionamento dos laterais? O Duisburg limitou e convidou, o FC Porto transformou-se.
Ao contrário do que aconteceu há bocado, Hernani procura agora fazer a diagonal. Qual é o resultado? Golo.
Criticado por muitos, odiado por muitos mais. Neste momento, Ádrian parece-me um jogador sem confiança nenhuma, com medo de arriscar. Mas o que pode, muitas vezes, ser um problema, pode também acabar por ser benéfico. Não consigo saber se a decisão de Ádrian é fruto da inteligência ou simplesmente a falta de confiança em ser ele a progredir com a bola mas a verdade é que o o espanhol coloca logo em André André. O que é que se ganha com isto? O médio português já está em movimento, está de frente para a defensiva contrária, tem tempo e espaço decidir da melhor maneira. E decide... agora vamos ao resto.
A bola entra de imediato em Brahimi e o argelino troca as voltas aos dois defesas contrários de uma forma soberba. Faço-lhe uma vénia. O grande problema é que depois é agarrado, perde tempo, o jogo continua e ele, apesar de tudo, quer levar a sua até ao fim em vez de servir Ádrian. Em 10 situações destas, 10 têm de entrar nos pés do jogador que está a aparecer. Seja ele quem for.
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